Eu falo, falo muito até, coisas inúteis, coisas que tenho razão, coisas úteis, coisas do coração, não vou mentir as vezes seguro muitas coisas para não causar confusão, mas tudo é sincero.
Eu penso muito também sei que tem gente que não leva a sério mas penso muito, penso nos meus sonhos, medos, na minha grana, em teatro, no futuro, em Deus, nas minhas escolhas,
na morte, na vida, se vale ou não a pena.
Muitas vezes eu me vejo parada, no começo de uma estrada que bifurca, os caminhos são idênticos, os dois tem uma árvore velha onde o tronco tem algumas marcas antigas, e algumas folhas secas estão espalhadas pelo chão, é inevitável que o clima seja igual, o calor é intenso, mas eu olho para o céu e vejo que as nuvens branquinhas, elas estão ganhando cores mais fortes, estão mais escuras, isso me assusta um pouco, eu não trouxe guarda-chuva. Mas o sol continua lá estático, parece que ele me assiste, de alguma forma ele espera minha decisão.
A grama é muito verde chama muito atenção, logo eu que nunca gostei de coisas assim mas me dá vontade de deitar e descansar bem no meio das duas estradas.
Existe uma placa em cada lado, elas estão na mesma direção, a sombra das delas se unem, mesmo a tanta distância eu sabia que uma pertencia a outra, algo que só as duas entendiam, como um segredo.
O vento seria ótimo se ele não me fizesse recordar tempos difíceis, não é confiável mas ao mesmo tempo sinto vontade sorrir com essa brisa forte, que me arranca algumas lágrimas. Incrível não?
Mas eu preciso escolher um desses caminhos mesmo que eu não queira decidir nada, eu quero só aproveitar o tal futuro a minha frente somente admirar antes de entrar e fazer parte dessa imagem.
Meus pensamentos e as coisas que eu digo e que já disse poderia me ajudar, mas estou parada imóvel, não consigo dizer nada perante tudo isso e a única coisa que ouço aqui dentro é que agora estou sozinha, só, ninguém pode me dar a mão, isso me assusta e sinto vontade de voltar o mais rápido que puder, mas não existe mais nada lá trás, tudo apagado, tudo em branco.
Seguir, construir, entender, compreender, mesmo não aceitando o por que de fazer sozinha.
E pela primeira vez não me vejo mais em partes, mas inteira, com arranhões, cicatrizes, olhos vermelhos e roupas sujas pelo tempo, por fora é feio e vejo que não vale a pena tentar mas o interior ainda não foi tocado, eu ainda não o descobri mesmo morando aqui dentro não o conheço como deveria, mas agora posso dizer que já o vi.
Ao mesmo tempo que é frágil ele é forte, ele é paciente, ele não espera por coisas banais, ele espera por outros como ele, com conteúdo nem tão bom nem tão ruim, neutro. Encontrar a verdade, coisas para se manter no meio termo, em equilíbrio, ele é como todos, não é bem nem mal, ele só precisa ser decifrado.
|A lésbica e o amor|
Há 7 anos
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